sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Essa sociedade tá tudo errado" 3 - Assim caminha a vida social

Essa semana eu dei uma atrasada porque ando um tanto atarefado esse fim de ano, mas estou me chicoteando pra manter a assiduidade aqui. Agradecimentos especiais ao grande amigo Paganus pela ajuda que precisei quando a cabeça fundiu e precisava de alguém pra apontar quando eu parei de fazer sentido. E antes tarde do que nunca, aqui está.

Uma amiga minha comentou comigo um dia desses que está sentindo um pouco de falta da "moral", da atenção que ela tinha antigamente. Ela realmente é uma garota muito bonita e era bem popular na época do colégio, justamente por ser muito bonita, divertida e ser muito madura desde cedo. Ainda mais que agora ela está namorando, então não pode nem ir pra balada pra ter aquela massageada no ego. Disse a ela que é uma situação complicada, e que as coisas não são mais como eram antigamente.

E comecei a pensar... realmente não são.

Eu pessoalmente nunca fui um cara  lá muito popular no... bem, em lugar nenhum. Mas consigo perceber um certo declínio na quantidade de convívio social que vamos tendo com o passar do tempo. Óbvio (algumas opiniões do último post me mostraram o quanto preciso lembrar disso) que cada caso é um caso, estou falando de um cenário geral totalmente genérico (e pleonástico).

Mas vamos pensar em como caminha a vida social (estou usando como base a MINHA época, que fique bem claro): Começamos a vida social basicamente na escola, onde somos "obrigados" a começar a viver em comunidade com outras pessoas, durante o primário aprendemos o básico sobre "ser gente", e já começamos a fazer os nossos primeiros amiguinhos. No ginásio já começamos a pensar na possibilidade que talvez estejamos "virando gente", e começamos a aprender a diferença entre meninos e meninas. No colégio é que  tudo acontece: achamos que já somos gente, quando na verdade somos adolescentes ainda. Vem a puberdade e com ela tudo muda, a vida se transforma. As ansiedades param de ser bolas de futebol e começam a ser peitinhos, a programação favorita da TV (agora internet) deixa de ser desenhos e começa a ser perigosa de se assistir porque é proibida pra sua idade, na adolescência o joystick é mais embaixo (estou falando meio que exclusivamente de garotos porque já sei pouco sobre mulheres, imagina de garotas adolescentes). Nessa época tudo é mais rápido, mais intenso, tudo é novo, principalmente as paixões. Elas são também rápidas, intensas e inexperientes. Essa é a época de ouro para as pessoas populares, e se eles não tomarem cuidado, seu auge. Muita gente que eu conheço já se deliciou em reconhecer pessoas da época do colegial em redes sociais, ver o como "o cara mais legal da sala" está com 2 filhas que vieram por acidente, casado por pressão e com uma protuberante barriga de chop, e a "garota que desenvolveu os peitinhos antes das outras" está já uma bagunça, parecendo 10 anos mais velha do que deveria e seus antigos "atrativos" já estão começando a cair (mais um assunto pra desenvolver melhor em outro post). Essa época é muito forte na cultura pop americana. Quantos filmes de colegial existem por aí? Eles louvam a época do colegial de um modo que muitas pessoas se prendem ainda a ela décadas depois, não conseguindo se tornar nada melhor do que foram naquela época (na minha opinião de merda, baseada em filmes e seriados).

Passando a fase do colegial é quando somos jogados na vida. A partir daí temos escolhas (se nossos pais permitirem), não temos mais o um trilho certo a seguir e começamos a escolher nossos caminhos, essa fase eu costumo chamar de "adultescência" porque você mal deixou de ser um adolescente, e ainda não está preparado para se tornar adulto. É uma fase bem complicada. Antes você tinha "amiguinhos" que depois viraram "amigos" e alguns "amigos de verdade", e só os amigos de verdade te acompanham nessa transição de fases. O tempo vai passando, você começa a cada vez ter mais "colegas" do que "amigos", colegas de trabalho, colegas de academia, conhecidos de eventos. Tem cada vez menos pessoas íntimas, mas esses relacionamentos vão ficando cada vez mais fortes, até porque as obrigações da vida vão aumentando, e o tempo e disposição pra "fazer novos amigos" é bem menor. O que acontece é que, conforme a vida vai passando você começa a passar menos tempo com grandes grupos de amigos e mais com grupos menores de bons amigos. Com o tempo também vem (ou pelo menos deveria) uma maturidade maior para relacionamentos em geral, e você começa a ficar mais seletivo, depois começa a constituir família e somente seus amigos de verdade sobram, e acabam virando padrinhos. Bem, a vida social é um grande funil, e no final dele terá somente você, sua parceira pra vida e talvez um gato. Então acho que tive razão em dizer para essa amiga "relaxa, é normal" e ficar tranquilo em saber que ela terá que se adaptar, mas conhecendo ela sei que seu auge não foi no colegial, ela tem muita coisa pela frente ainda.

4 comentários:

Vash disse...

Concordo com tudo menos com a parte do gato XD , tem que ser cachorro porque esse não te abandona nunca.

Amon_Gwareth disse...

Concordo muito com tudo, exceto o último parágrafo.

O que é bem legal ressaltar do quinto é que a evolução geralmente é produto da frustração. Um ambiente favorável não exige muito de vc, por isso normalmente os ditos populares ficam estagnados em suas condições mesmo com o passar dos anos, e normalmente ficam frustrados num desejo nostálgico quando essa fase "confortável" passa...Porém, óbvio, não podemos generalizar: uma mocinha do meu colegial era linda e absolutamente popular, e na fase dos "2x anos rasos" administrou de forma exemplar as mudanças da vida e só dá indicadores bons. É só entendermos a diferença entre o excepcional e o padrão :D

Ótimo texto, Vitor. Mais uma vez, parabéns!

Vitor FY disse...

@Amon_Gwareth

Valeu seu Ramon! Um dos motivos de eu ter escrito a parte "Óbvio (algumas opiniões do último post me mostraram o quanto preciso lembrar disso) que cada caso é um caso, estou falando de um cenário geral totalmente genérico (e pleonástico)." foi justamente as inúmeras observações parecidas nas discussões da Valinor, mas tento não ficar afirmando a cada parágrafo "seu que existem exceções, mas...". Mas sim, você está certíssimo, inclusive eu cortei uma parte enorme desse parágrafo que falava sobre isso. Acabei divagando do assunto principal pra falar justamente sobre esse "efeito colegial, o porque acontece e como podem funcionar as exceções, mas acabei copiando isso e deixando pra outro post.

@Vash

Vai ser chato no seu blog, nem cachorro você tem.

Vash disse...

Você Não entendeu gato é um bicho que se apega a casa e a comida não é um companheiro de verdade, diferente do cachorro.Eu mesmo só não tenho um cachorro pelo fato da minha casa ser pequena e não ter quintal, a gata que tem aqui é da minha mãe, é um bicho fresco que só come e dorme e quando você chega em casa só quer saber da comida mó raiva.