quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Guia do Preguiçoso - Doação de sangue, plaquetas e medula

Yo galera! Fim de ano chegando, todo mundo ficando mais natalino, o espírito de caridade está no ar e a piedade se apossa das almas felizes, tudo isso regado à boa e velha alegria do décimo terceiro. Essa semana decidi deixar as análises sociais de lado um pouco e aproveitar desses bons sentimentos pra tentar fazer jus à boa e velha Man in the Mirror do MJ, "Make that change".

Criei esse título "Guia do Preguiçoso" mas não sei se vai ser algo que vou repetir, é uma idéia válida mas veremos se vou achar mais coisas legais pra levar isso adiante. Decidi fazer esse guia pra uma coisa que eu tenho o costume de fazer desde os 18 anos - doar dangue - e muita gente não faz por pura preguiça mesmo, muitas vezes justificada com falta de informação. Se este é o seu caso, agora a sua única desculpa vai ser a preguiça. Vou aproveitar e incluir doação de plaquetas e medula no pacote, porque é incrivelmente mais fácil e as chances de salvar alguma vida por aí também são boas.

First things first, doar sangue é um ato nobre, te leva pro céu e tudo mais, mas não é todo mundo que pode. Existem alguns pré-requisitos básicos pra classe de prestígio de doador. Que estão mais completos no link. Mas como é um guia pra preguiçosos (e clicar é um trabalhão), resumirei aqui. Você precisa ter mais de 16 anos (com 16 e 17 precisa levar uma autorização, está no link), mais de 50 quilos, não ter bebido nas últimas 12 horas, não estar grávida, não ter feito tatuagem nos últimos 12 meses, ter dormido bem e comido (nada de jejum, geralmente eles até te dão um lanche antes caso não tenha comido nada). Basicamente é isso. Qualquer dúvida o link leva até o site do pró-sangue, que é bem informativo.


Recebendo sangue em zelda style, praticamente um quarto de coração na vida real


Ok, você passou no teste (não é assim tão difícil não?), agora só falta levantar seu traseiro de mais de 50 quilos dessa cadeira e procurar o hemocentro mais perto de você (link também do pró-sangue, ajuda bastante). Já fui em uns 3 hemocentros diferentes e em todos as pessoas foram extremamente educadas e atenciosas, elas sabem que você está lá pra ajudar e te tratam super bem, chega a ser até uma massagem pro ego. Chegando lá é só fazer o cadastro rápido, fazer o teste de anemia (que se você não olhar nem sente o beliscão) e medir a pressão. Depois vai fazer uma entrevista que é um tanto... íntima até, mas também é divertido pra saber o quanto você não tá fudido (isso é, se você nunca foi preso ou teve malária, as perguntas são mais menos nesse nível) e mesmo assim eles têm noção de que algumas pessoas podem mentir na entrevista e dão uma última chance em sigilo pra você falar que seu sangue não está apto para ser usado. Caso você seja saudável é só ir pro local da doação, que tem cadeiras extremamente confortáveis (ainda terei uma dessas em casa). A doação em si é tranquilamente, eu tenho o costume de doar sangue desde os 18 anos e nunca tive problemas, mas essa é a hora de ser corajoso porque obviamente a doação de sangue envolve uma agulha, algo que algumas pessoas podem ter problemas às vezes (algumas vezes de modo meio vergonhoso até). Tendo um pouco de coragem (não olhar pra agulha ajuda) em 15-20 minutos você está pronto pra ir embora, meio quilo mais leve (geralmente extraem 460-490 ml de sangue) e com um sentimento de missão cumprida, não antes de ganhar um lanchinho (que varia de um lugar pro outro). Sempre orientam a não beber álcool no dia da doação e não pegar peso com o braço usado, e de fato dá um pouco de fraqueza no braço, se for voltar de ônibus cheio pra casa é melhor dar um tempinho antes. A parte boa, além de saber que você fez algo legal, é que você recebe em casa depois de umas semanas um exame de sangue confirmando que seu sangue está apto pra doação. É sempre bom saber né, se manter informado sobre si mesmo. Conheço pessoas que não sabiam seu tipo sanguíneo até ir lá doar, já aconteceu comigo também de fazerem uns testes a mais de graça, com nível de colesterol e outras coisas. Ah, e o atestado né, quando doa sangue você tem atestado para ganhar o dia. Acho que é lei, mas é sempre bom confirmar com o RH antes né, vai saber (Recursos Humanos, não fator RH).

Uma doação se parece mais ou menos com isso, mas sem os dois caras felizes no fundo assistindo

Um aviso especial pra quem tem sangue tipo O, que é doador universal (em especial  O negativo). Vocês são doadores unversais, o que quer dizer que podem doar pra qualquer tipo, o que quer dizer que sangue tipo O nunca é demais, só que - bom frisar isso - é bom lembrar também que você só pode receber sangue do seu tipo, mais nenhum. Então se você é O tem muito mais motivo pra doar sangue, porque se você um dia precisar de tranfusão de sangue, só vai poder receber sangue O, então quanto mais você doar, mais do seu tipo de sangue vai ter pra você caso precise. É um caso de auto preservação até.

Vai saber quando você pode precisar de sangue né? (ia colocar só a Jessica mas decidi ser democrático)

Bem, já doou sangue, fez sua boa ação do dia e sua mãe estará orgulhosa de você. Mas lembre-se que sempre tem um nível acima. Além de sangue você também pode doar plaquetas, que é um procedimento mais demorado que a doação de sangue, mas bem mais importante. E é muito mais simples do que parece, doação de plaquetas não é igual a de sangue, como as plaquetas têm uma vida muito curta não podem ser guardadas, então a doação tem que ser feita no ato, pra alguém que estiver precisando. É só você ir doar sangue em um hemocentro que faça o cadastro (em São Paulo tem no Hospital das Clínicas, pertinho do metrô) e doar sangue normalmente. Chegando lá é só pedir pra fazer cadastro de doação de plaquetas, vão pegar seu telefone e pronto. Se alguém precisar de uma doação de plaquetas vão entrar em contato com você. Simples assim, e é mais um jeito de ajudar.

Quer mais ainda? Nossa, quer mesmo ser um doador épico hein? Só não vai fazer igual o Will Smith em 7 vidas, aí já é demais. Mas você ainda pode fazer cadastro de doação de medula também. É algo bem sério, e é o jeito mais direto de você salvar uma vida e até conhecer a pessoa que você estará salvando. Também é mais simples que a doação de sangue. É só procurar um lugar que faça o cadastro, aqui você encontra o lugar mais perto de você. Em São Paulo o cadastro pode ser feito na Rua Marquês de Itu 579, perto do metro Santa Cecília. É bem parecido com a doação de sangue, mas tiram só uns 2 tubinhos de sangue. Aí você já fica cadastrado, e se alguém precisar te chamam. Uma coisa que me chamou a atenção quando pensei em fazer o cadastro é que algumas pessoas não fazem o cadastro não só por preguiça e desinformação, mas por medo da extração. E não posso dizer porque nunca fiz, mas me informaram é que é algo que será feito do jeito mais tranquilo possível, pode ser por punção lombar ou por sangue. E não, não vão mexer no seu sistema nervoso, pode ficar tranquilo.

 Sete Vidas, ótimo pra inspirar, só não vai querer fazer igual

Imagina o quanto não baixaria o índice de mortalidade se tivéssemos o ritual de, quando uma pessoa faz 18 anos, ao invés de levar alguém pra uma balada ou "casa de divertimento masculino" levássemos essa pessoa pra fazer sua primeira doação de sangue, e seu cadastro pra doação de medula e plaquetas. Nada impede de fazermos os dois também (sou totalmente a favor de baladas e "casas de divertimento masculino"). Esse tipo de preocupação com as pessoas é algo que deve vir de cada um também, o máximo que podemos fazer é incentivar e informar, mas (infelizmente) não dá pra forçar ninguém a querer fazer um pouco mais do que estamos acostumados pra, quem sabe, ajudar alguém. Eu to tentando fazer a minha parte. Como disse lá em cima, tentando deixar o Michael Jackson orgulhoso e começar essa mudança pelo homem no espelho.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

"Essa sociedade tá tudo errado" 3 - Assim caminha a vida social

Essa semana eu dei uma atrasada porque ando um tanto atarefado esse fim de ano, mas estou me chicoteando pra manter a assiduidade aqui. Agradecimentos especiais ao grande amigo Paganus pela ajuda que precisei quando a cabeça fundiu e precisava de alguém pra apontar quando eu parei de fazer sentido. E antes tarde do que nunca, aqui está.

Uma amiga minha comentou comigo um dia desses que está sentindo um pouco de falta da "moral", da atenção que ela tinha antigamente. Ela realmente é uma garota muito bonita e era bem popular na época do colégio, justamente por ser muito bonita, divertida e ser muito madura desde cedo. Ainda mais que agora ela está namorando, então não pode nem ir pra balada pra ter aquela massageada no ego. Disse a ela que é uma situação complicada, e que as coisas não são mais como eram antigamente.

E comecei a pensar... realmente não são.

Eu pessoalmente nunca fui um cara  lá muito popular no... bem, em lugar nenhum. Mas consigo perceber um certo declínio na quantidade de convívio social que vamos tendo com o passar do tempo. Óbvio (algumas opiniões do último post me mostraram o quanto preciso lembrar disso) que cada caso é um caso, estou falando de um cenário geral totalmente genérico (e pleonástico).

Mas vamos pensar em como caminha a vida social (estou usando como base a MINHA época, que fique bem claro): Começamos a vida social basicamente na escola, onde somos "obrigados" a começar a viver em comunidade com outras pessoas, durante o primário aprendemos o básico sobre "ser gente", e já começamos a fazer os nossos primeiros amiguinhos. No ginásio já começamos a pensar na possibilidade que talvez estejamos "virando gente", e começamos a aprender a diferença entre meninos e meninas. No colégio é que  tudo acontece: achamos que já somos gente, quando na verdade somos adolescentes ainda. Vem a puberdade e com ela tudo muda, a vida se transforma. As ansiedades param de ser bolas de futebol e começam a ser peitinhos, a programação favorita da TV (agora internet) deixa de ser desenhos e começa a ser perigosa de se assistir porque é proibida pra sua idade, na adolescência o joystick é mais embaixo (estou falando meio que exclusivamente de garotos porque já sei pouco sobre mulheres, imagina de garotas adolescentes). Nessa época tudo é mais rápido, mais intenso, tudo é novo, principalmente as paixões. Elas são também rápidas, intensas e inexperientes. Essa é a época de ouro para as pessoas populares, e se eles não tomarem cuidado, seu auge. Muita gente que eu conheço já se deliciou em reconhecer pessoas da época do colegial em redes sociais, ver o como "o cara mais legal da sala" está com 2 filhas que vieram por acidente, casado por pressão e com uma protuberante barriga de chop, e a "garota que desenvolveu os peitinhos antes das outras" está já uma bagunça, parecendo 10 anos mais velha do que deveria e seus antigos "atrativos" já estão começando a cair (mais um assunto pra desenvolver melhor em outro post). Essa época é muito forte na cultura pop americana. Quantos filmes de colegial existem por aí? Eles louvam a época do colegial de um modo que muitas pessoas se prendem ainda a ela décadas depois, não conseguindo se tornar nada melhor do que foram naquela época (na minha opinião de merda, baseada em filmes e seriados).

Passando a fase do colegial é quando somos jogados na vida. A partir daí temos escolhas (se nossos pais permitirem), não temos mais o um trilho certo a seguir e começamos a escolher nossos caminhos, essa fase eu costumo chamar de "adultescência" porque você mal deixou de ser um adolescente, e ainda não está preparado para se tornar adulto. É uma fase bem complicada. Antes você tinha "amiguinhos" que depois viraram "amigos" e alguns "amigos de verdade", e só os amigos de verdade te acompanham nessa transição de fases. O tempo vai passando, você começa a cada vez ter mais "colegas" do que "amigos", colegas de trabalho, colegas de academia, conhecidos de eventos. Tem cada vez menos pessoas íntimas, mas esses relacionamentos vão ficando cada vez mais fortes, até porque as obrigações da vida vão aumentando, e o tempo e disposição pra "fazer novos amigos" é bem menor. O que acontece é que, conforme a vida vai passando você começa a passar menos tempo com grandes grupos de amigos e mais com grupos menores de bons amigos. Com o tempo também vem (ou pelo menos deveria) uma maturidade maior para relacionamentos em geral, e você começa a ficar mais seletivo, depois começa a constituir família e somente seus amigos de verdade sobram, e acabam virando padrinhos. Bem, a vida social é um grande funil, e no final dele terá somente você, sua parceira pra vida e talvez um gato. Então acho que tive razão em dizer para essa amiga "relaxa, é normal" e ficar tranquilo em saber que ela terá que se adaptar, mas conhecendo ela sei que seu auge não foi no colegial, ela tem muita coisa pela frente ainda.